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Tirando sarro de deus e o mundo

Rei Arthur e os Cavaleiros... sem cavalos?! Pois é.


Uma gargalhada atrás da outra. Não porque o humor é pastelão, mas é porque não existe melhor maneira de fazer rir do que tratar com seriedade coisas ridículas do nosso cotidiano. e o pessoal do Monty Python fez isso com maestria nesse Monty Python em busca do cálice sagrado (Monty Python and the Holy Grail, 1958). Uma das maiores sacadas  foi quando um camponês vira-se para o Rei Arthur () e pergunta porque ele é rei; quando ouve a resposta de que uma linda mulher saiu das águas do mar e lhe entregou Excalibur, ele questiona se isso era confiável. É engraçado como compramos essas ideias mitológicas absurdas sem muitos questionamentos... Confesso que sou uma grande fã de literatura de fantasia e de estilo épico, mas convenhamos... É cada uma que aparece, né? Então, não atropelemos a história. Tudo começa com um Rei Arthur (Graham Chapman) galopando sem cavalo [o barulho dos cascos é feito por um escudeiro, batendo duas metades de um coco]. Ao chegar em um castelo, ele pede para falar com o senhor deste, pois precisa de apoio e uma comitiva para chegar a Camelot e reinar sobre toda a Grã-Bretanha. Mas o guarda não parece levar muita fé num cavaleiro sem cavalo, e começa uma discussão infindável sobre como o coco, uma fruta tropical, tinha ido parar ali, tão longe. Cansado de tentar ser ouvido, parte em busca de outros cavaleiros, que possam se juntar à sua jornada. Pelo caminho,  Rei Arthur tem de enfrentar um perigosíssimo Cavaleiro Negro (John Cleese) que não deixa que ninguém passe por uma ponte. Bravamente, Arthur enfrenta o inimigo, e consegue cortar um de seus braços com um golpe de espada. Ignorando o ferimento ("foi só um arranhão", diz o cavaleiro negro), ele continua a lutar, até que tem os quatro membros decepados. Ainda assim, não se entrega: quer continuar a lutar. Existe alguma outra metáfora melhor pra explicar a estupidez de se querer manter uma honra, em não querer aceitar uma derrota? Acho difícil. Rei Arthur ainda passa por uma aldeia onde uma pobre mulher está sendo acusada de bruxaria. É terrivelmente triste e hilário acompanhar o desenrolar desse trecho: o povo sempre gritando "Bruxa! Queimem a bruxa!" quando não havia mais nada a dizer e o padre tentando dar uma de misericordioso, mas somente procurando uma desculpa para queimar a bruxa apropriadamente. Hilário porque as pessoas são ignorantes ao ponto de acreditar que uma mulher podia pesar o mesmo que um pato - e que isso justificaria ela ser bruxa - e triste pelo fato de, tirado todo o exagero, era exatamente isso o que acontecia. Finalmente encontra os mais bravos cavaleiros: Sir Lancelot, o Bravo (John Cleese), Sir Robin, o não-tão-bravo-quanto-Sir-Lancelot (Eric Idle), Sir Galahad, o puro (Michel Palin), Sir Bedevere (Terry Jones) e Sir Bors (Terry Gilliam).

Cavaleiros em Camelot: muito canto, muita dança... Não é um lugar para bravos cavaleiros, não é?


Estes bravos cavaleiros, acompanhados de seus escudeiros, seguem galopando sem cavalos em seu caminho para Camelot. Lá chegando (era só uma maquete, mas o Rei não queria que isso fosse notado), perceberam que o reino não era exatamente o que eles pensavam. Na verdade, era um lugar onde se comia, bebia, dançava e cantava. Foi então que Deus apareceu entre as nuvens e lhes disse para buscar o Santo Graal. Mas... Onde? Como? Bom, comecemos pelos castelos. No primeiro, os franceses já haviam invadido. E só fizeram despejar as vacas, cabras e insultos loucos sobre os cavaleiros. Então teve a brilhante ideia de se separarem, quem sabe não seria mais fácil? Sir Robin foi o primeiro a enfrentar um desafio: um grande cavaleiro de três cabeças. Como sempre, nenhum diálogo poderia ser inteligente quando se tratava de passar por cima do orgulho de um cavaleiro - imagina passar por um de três cabeças pensantes e falantes? Seus fiéis escudeiros, cantores, cantavam o quão bravamente ele fugiu de uma luta. Depois foi a vez de Sir Galahad encontrar seu desafio: ao ver o grande símbolo do cálice sagrado sobre um castelo, ele descobre que este era recheado de mulheres. Belas e sozinhas, sem nenhum homem por perto, lógico que ficaram muito felizes pela companhia do bravo cavaleiro. Porém, Galahad era puro. E não se ligou muito nas insinuações das mulheres até que ele estivesse quase sem saída a não ser dar conta do harém inteiro. Ainda bem (?!) que foi salvo no último minuto, por outros nobres cavaleiros. Sir Lancelot também enfrentou sua provação. Enquanto caminhava, meio sem rumo, acabou achando o caminho quando seu escudeiro foi atingido por uma flecha, e nela havia um doce pedido de resgate. Ao chegar arrasando (literalmente: sobrou golpe de espada e sangue pra todo mundo, nem mesmo as crianças ou o arranjo de flores na parede foi poupado da empolgação do nobre cavaleiro) no castelo para salvar a pobre donzela, Sir Lancelot descobre que quem enviou a mensagem não foi uma donzela, mas um infeliz rapaz que não queria se casar - só queria cantar, pra desgosto do pai. Perdidos no meio da floresta, eles encontram os terríveis Cavaleiros Que Falam 'Ni!'. Para poder passar por seu domínio, os cavaleiros deveriam entregar-lhe um tributo, alguém que cuidasse dos arbustos na floresta. Ao voltarem, após ameaçar pobres e indefesas senhoras com a terrível palavra 'Ni!', os cavaleiros ainda eram reféns:  agora, os cavaleiros que falavam 'Ni!' eram os cavaleiros que falavam uma palavra muito mais comprida, e exigiam um novo tributo. Salvos, novamente, pelo gongo. Melhor, pela ameaçadora e tenebrosa palavra 'it'. Essa sequencia é, talvez, a mais hilária de todo o filme.

Rei Arthur, antes do fim: levado pela polícia acusado injustamente de participação em assassinato, que injustiça...


Reunidos novamente, encontram um mago que saberia dizer onde se encontra o Santo Graal. Mas o caminho seria difícil, e eles teriam que enfrentar uma terrível besta. Ao se depararem com um simples coelho, não imaginavam a ferocidade do ataque. Com uma bomba, eles explodem a ameaça, e adentram a gruta. Mas o maior mal estava lá dentro, um monstro horrendo cheio de olhos, onipresente. Não havia escapatória, não haveria como fugir! Para a sorte dos bravos cavaleiros, o cartunista que desenhava o horrendo e terrível monstro sofreu um súbito e fulminante infarte, então, sem a ameaça do monstro, eles puderam prosseguir. Alguns chamariam isso de ajuda divina. Eu não digo nada, porque morro de rir até agora de lembrar a cena. Enfim, chega o último desafio: atravessar uma ponte dos infernos, depois de responder corretamente a três perguntas. Quando o questionador não soube responder à réplica do Rei Arthur e foi jogado para o infinito, os cavaleiros atravessaram a ponte e finalmente encontraram um castelo. Era lá que estaria o Santo Graal. E quem já tinha chegado lá antes? Os franceses, lógico. Banido novamente dos portões do castelo sob insultos 'vis' e outros objetos, já se dando por vencido, o Rei decide não desistir ao ver o exército que o acompanharia em tal batalha. Mas quis o destino que ninguém encontrasse o Graal. A polícia estava no encalço dos cavaleiros após Sir Lancelot ter matado um famoso historiador, lá no começo do filme. E com a eficiência da polícia inglesa, chegaram e acabaram com o motim, prenderam os responsáveis pela bagunça e dispersaram a  multidão. Simples assim.

O filme é genial por ter sacadas ótimas e pelo sarcasmo que corre solto. Ninguém sai ileso do filme, homens, mulheres, nobres, plebeus. As piadas podem ser trazidas para os dias atuais tranquilamente, e isso é fascinante. Um filme divertido mesmo se não fizermos a associação com os tempos atuais ou comparações com outros filmes de capa-e-espada, ou sobre o Rei Arthur. Uma grata e divertidíssima surpresa que o blog me trouxe esse ano.

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